Endereços
Leblon Academia da Cachaça

Rua Conde Bernadotte, 26
Tel.(21) 2529-2680 (21) 2239-1542

Barra Academia da Cachaça
Cond. Condado de Cascais
Av. Armando Lombardi, 800 - Loja 65- L
Tel. (21) 2492-1159 (21) 24937956

Rio de Janeiro. R.J. - Brasil
 
Feijoada todos os dias.
Almoço brasileiro, de 2a a 6a feira até às 16 hs

Consumo e Lazer JORNAL DO BRASIL
Rio, 9 de novembro de 1985
A Cachaça, finalmente na Academia

Está decretado: a cachaça vai ser a bebida do verão, como prova do sucesso da recém-inaugurada Academia da Cachaça, agremiação-restaurante de caráter etílico-gastronômico. Ela extravasou a recomendação do Ministro da Cultura para todo brasileiro tomar um gole de cachaça no dia 7 de setembro. Na Academia, é todo dia.
Os três sócios (Edméa Falcão, Renata Quinderé e Elcio Santos) pesquisaram durante um ano por todo o Brasil, de Recife a São Fidélis, no Estado do Rio; de Diamantina, em Minas, à cidadezinha de Luiz Alves, em Santa Catarina, onde encontraram nada menos que 48 alambiques. De tudo o que foi visto – e provado – selecionaram 150 marcas diferentes de cachaça. “Ainda assim, outro dia um conhecedor nos desafiou a ter a preferida dele: Claudionor, cachaça de um lugarejo de Minas. Não tínhamos, mas já está na prateleira”, diz Renata Quinderé.
Oferecer todas as marcas de cachaça é tarefa quase impossível, embora o Brasil seja o único país do mundo onde a bebida nacional não freqüente restaurantes ditos sofisticados. (Basta pedir uma batida para o garçom e perguntar: Vodca nacional ou importada?). Eis outra razão: mostrar que cachaça também é coisa fina – para o requinte da casa, que tem interior projetado pela arquiteta Gisela Magalhães e projeto visual de Vera Bernardes e Washington Lessa. O detalhe-impacto é a Bandeira Nacional estilizada, formada por tiras de plástico colorido que pendem do teto. As oito mesas de mármore têm pés de ferro, como nos mais tradicionais botequins do Rio, e as cachaças ficam expostas em prateleiras de vidro e suportes high-tech. Na porta de entrada, de vidro, foram gravados alguns dos muitos nomes pelos quais a bebida é conhecida, como chamego, maçangana, preciosa, saideira, birinaite.
Entre as 36 cachaças citadas no cardápio, ninguém espere encontrar marcas comerciais, como Praianinha: “Ela não passou pelo nosso padrão de qualidade”, explica Renata. Mas há cachaças novas, as primeiras do alambique; envelhecidas, descansadas em tonel de carvalho durante pelo menos um ano e infusões de ervas e frutas preparadas por uma professora de Botânica da Universidade de Minas Gerais (de coquinho, de sassafrás ou de maçã por Cr$ 6 mil). E ainda caipirinhas de limão, limão-galego e uva italiana e de frutas da estação, como tangerina, lima, caju, abacaxi (média de Cr$ 9 mil cada) ou bebidas estrangeiras (uísque, vinho cerveja, vodca), já que a Academia não é totalitária.
Para acompanhar tudo isso, beliscos brasileiros, como carne-de-sol do Maranhão (Cr$ 20 mil a porção), lingüiça de Minas (Cr$ 15 mil a porção), sururu de Maceió ao coco (Cr$ 16 mil a porção), queijo do Serro ou de coalho à milanesa (Cr$18 mil). E, programado para ser apenas um acompanhamento, o prato chamado no Norte de arrumadinho virou best-seller: mistura carne-de-sol frita sobre feijão verde, farofa e tempero verde (Cr$ 25 mil). Quem quiser apenas rebater o copinho de cachaça (média de Cr$ 6 mil), que peça um caldinho, servido em copo pequeno, como nos botequins: de feijão (Cr$ 4 mil), de camarão (Cr$ 7 mil), de carne (Cr$ 6 mil) ou de galinha (Cr$ 5 mil). E há dois pratos por semana, como coelho ao champignon (Cr$ 35 mil) ou o filé da casa, com ervas (Cr$ 33 mil).
E a cachaça, bebida organoléptica (que impressiona os sentidos e o corpo), como diria o Ministro da Cultura, tem uma quadrinha popular lembrada no cardápio: “Lua cheia, prometo que não beberei cachaça nunca jamais, de hoje para trás”. Em tempo: a Academia, aberta diariamente a partir de 17h, fica na Rua Conde de Bernardote, 26, no Leblon, e só não serve broa de milho.